Outras vezes consegui me sentar na cadeira, tensa como um bambu ao sol. A mão empunhando aquele espelhinho tinha para mim o mesmo efeito de uma foice pronta para me degolar. Já pulei de muitas cadeiras de dentistas com os olhos arregalados, me desculpando esfarrapadamente, saindo pela porta e me sentindo a maior das idiotas. Até que um dia... Até que um dia, o telefone toca, enquanto eu lia alguma coisa para esquecer do medo de ficar banguela.
-Tê, querida, liga a televisão no canal 22. Um dentista diferente... acho que é a sua salvação. – era um amigo. Dos poucos que conheciam a minha situação dentária. Liguei a televisão. Era uma entrevista com um cirurgião dentista.
Este dentista – peguei o final da entrevista – dizia,
sorrindo, em resposta à pergunta da entrevistadora se era possível alguém ser feliz numa cadeira
odontológica. -Sim. É absolutamente possível. Anotei o nome e o telefone e na
manhã seguinte, marquei a minha primeira consulta. Aquele meu amigo me
acompanhou, certo de que teria que conter a minha ânsia de sair correndo. Antes
de tudo não fiquei esperando aqueles terríveis minutos que antecedem a consulta. Antes que me desse conta já
estava diante do Dr. Ronaldo Magalhães de Souza Lima, não numa cadeira de
dentista, mas em uma sala com confortáveis poltronas. A ameaçadora cadeira nem
estava presente. Uma incrível empatia , uma conversa agradável, não só sobre a
minha saúde bucal, mas sobre mim inteira. Falei dos meus medos, falei como
nunca havia falado com meu analista e não me pergunte porque. Sei que saí dali,
depois de uma hora, certa de que tinha encontrado a minha salvação. O ambiente
da clínica, as meninas, a equipe, tudo me fazia sentir comodamente tranquila .
A primeira vez que me sentei na
cadeira de dentista, eu ainda tinha medo, mas não pavor. Não tomei anestesia de
agulha e sim anestesia computadorizada, um eletrodo que colocado na face,
impede o cérebro de reconhecer a dor. A atendente era gentil e carinhosa, Dr.
Ronaldo me explicava com paciência todo procedimento, a cadeira tinha uma
vibração agradável e relaxante. Perguntaram se eu queria ver um filme ou clip
no telão. Eu disse que não. Ainda queria perceber todos os movimentos, todas as
intensões dele e da equipe. Aos pouco
fui me soltando, as mãos desgarraram da cadeira e me senti segura e tranquila.
Sentimento inusitado nesta situação, pelo menos para mim.
Voltei nas próximas
consultas, sozinha e risonha. Quase adormecia na cadeira. Magia? Milagre?
Sugestão? Sei não e nem me interessa. Sei que Dr. Ronaldo consegue transmitir
tanta segurança, sua equipe é tão gentil e amiga, que hoje, é com muita alegria que entro na clínica. Somos
amigos, sim, é este o sentimento que me inspira aquele pessoal.
Profissionalismo, delicadeza, uma visão diferente da odontologia, sabedoria e
ética não só me conquistaram definitivamente, como me fizeram acreditar que,
sim: você pode ficar feliz numa cadeira de dentista. Maria Tereza B. Cançado
DEPOIMENTO: EU SOU UMA EX-ODONTOFÓBICA
Nenhum comentário:
Postar um comentário